segunda-feira, 29 de junho de 2009

Para quem acha que tudo foi "maravilhas no descobrimento do Brasil...

Você já imaginou a situação dos renegados de portugal que aqui eram deixados?

JEITINHO BRASILEIRO

Não sou Pero Vaz Caminha, mas também deixarei minha carta. Por não ser nobre, vossa alteza nunca a terás em mãos, mas um dia quem sabe, alguém ler irá.
Estou eu aqui olhando a imensidão do mar, imaginando onde estará a terra que deixei, banido. Vi o navio se distanciar cada vez mais e me deixar nessa terra verde. Português, cristão, ladrão...
Aqui estou eu despido, como os habitantes que aqui encontrei, pois essa terra é quente como o inferno. Quando olho a minha volta apenas vejo mata fechada, nada parecida com as quintas ou as tabernas que serviam bons vinhos. A bebida por aqui é o “cauim”, feita pelos nativos mastigando milho e cuspindo esperando a fermentação, parecida com outra que será referenciada pelo grande governante que um dia surgirá nessa terra. Pobre povo, mal sabe que praticamente desaparecerão: trabalho, cachaça,doenças,matanças, bandeirantes,antenas parabólicas, interet, será seu fim.
Odeio essa terra que condenado fui, não posso expressar o quanto, ninguém me ouviria, mas a nobreza há de chegar, aliás de partir e se expressar: dessa terra não levo nem o pó, esse “quinto dos infernos”.
Sei que o que pega é praga de mãe e de padre, mas a minha há de pegar, e como vingança nessa terra a política há de chegar.
E você que hoje lê esta carta, pode se perguntar como sabia disto tudo? Bem simples: Existirá um dia o chamado “ jeitinho brasileiro”. Foi o que fiz. Veio comigo riquezas na ceroula, diga-se passagem daqui uns quinhentos anos não será novidade e encontrei o que aqui os habitantes chamam de Pajé , que em troca me ensinou a incorporar espíritos que informações me trazem como bons peritos.
Vou terminando por aqui, assim encerro meu desatino. Por mim Joaquim Esaltino.

2 comentários:

  1. pabens esta muito bem escrita vc e um gênio.




    fran

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  2. Essa crônica é 'tudo de bom". É um marco na história cronística desse mais novo cronista brasileiro 'Valdenir Zegioth'. Que ele não pare nunca de nos propiciar boas leituras desse gênero tão delicioso: a crônica!

    Abraços

    Lu e Equipe

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